segunda-feira, 7 de abril de 2014

Os games tem narrativas?

Em seu artigo "Games Telling stories?" Jesper Juul faz uma reflexão sobre os jogos e as narrativas. Ele faz uma analise sobre as características das narrativas e dos games na qual levanta três argumentos afirmando que jogos são narrativos e três argumentos dizendo o contrário. Porém antes de citar estes argumentos, ele faz algumas observações importantes. Uma é que ao dizer que os games tem narrativas nos faz pensar que estes são de fácil entendimento baseados em paradigmas já existentes da narrativa e a resposta negativa nos faz pensar que precisamos começar de novo.

Afirmar que os jogos funcionam utilizando características exclusivas das narrativas enfatiza algumas características e suprime outras. Por outro lado o contrario disso, comparar a narrativa e os jogos, promove a compreensão das diferenças e semelhanças possibilitando a descoberta de pressupostos ocultos.

Os argumentos que Juul citou como comuns para afirmar que jogos tem narrativas são

1) Nós usamos narrativas para tudo, para qualquer fato ocorrido, sempre utilizamos a narrativa para descrever algo.
2) A maioria dos jogos têm introduções narrativas e isto nos faz acreditar que eles seguem os padrões característicos das narrativas comuns tal qual são utilizados em novelas e filmes.
3) Jogos compartilham alguns traços com narrativas através de cut-scenes que facilitam a compreensão do jogador ou apresentações dos jogos.


Três razões para descrever que os jogos não são narrativas.

1) Os jogos não fazem parte do padrão da narrativa formada por filmes, romances e teatro, o jogo é interativo, cada partida descreve uma narrativa diferente, o contrário acontece nos filmes, na qual o participante não interage.
2) O tempo em jogos funciona de forma diferente do que em narrativas, ele pode durar muito mais tempo ou muitíssimo pouco tempo.
3) A relação entre o leitor / espectador e do mundo, a história é diferente do que a relação entre o jogador e o mundo do jogo. O jogador sente que está interagindo e participando de fato daquela historia na qual ele esta imerso.

Juul comenta que nem tudo que é apresentado de forma narrativa é uma narrativa por completo, a apresentação pode conter uma narrativa mas o decorrer do jogo faz por si só uma nova historia. Por outro lado também não podemos afirmar que  os jogos e as narrativas não são relacionadas, pois algumas narrativas são utilizadas para  que um jogador conte aos outros sobre o que se passou em uma sessão de jogo. Jogos e narrativas podem em alguns pontos se dizer que têm características semelhantes.

 Uma narrativa pode ser usada para dizer ao leitor o que fazer ou como obter recompensas para jogar. Os jogos podem gerar narrativas que um jogador pode usar para contar aos outros sobre o que se passou em uma sessão de jogo. Jogos e narrativas podem em alguns pontos se dizer que têm características semelhantes.

Apesar de tantas semelhanças entre jogos e narrativas, não concordo que jogos sejam puramente narrativos pelo simples fato de que os jogos necessitam da interatividade direta do participante. Cada partida feita pelo participante é única e pode gerar uma narrativa diferente cada vez que se joga e ela não ocorrerá sem o participante. Por si só o jogo não contará uma narrativa sem que o jogador esteja interagindo, diferente de filmes, novelas e seriados, na qual a narrativa é intacta e já definida com o tempo de historia e tempo de discurso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário